NO MATERNAL...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

CONVERSA DE DUAS CRIANÇAS!!!!
- E aí, véio?

- Beleza, cara?

- Ah, mais ou menos. Ando meio chateado com algumas coisas.

- Quer conversar sobre isso?

- É a minha mãe. Sei lá, ela anda falando umas coisas estranhas, me botandoum terror, sabe?

- Como assim?

Por exemplo: há alguns dias, antes de dormir, ela veio com um papo doidoaí. Mandou eu dormir logo senão uma tal de Cuca ia vir me pegar.Mas eu nem sei quem é essa Cuca, pô. O que eu fiz pra essa mina querer mepegar? Você me conhece desde que eu nasci, já me viu mexer com alguém?

- Nunca.

- Pois é. Mas o pior veio depois. O papo doido continuou. Minha mãe disseque quando a tal da Cuca viesse, eu ia estar sozinho, porque meu pai tinhaido pra roça e minha mãe passear. Mas tipo, o que meu pai foi fazer naroça? E mais: como minha mãe foi passear se eu tava vendo ela ali na minhafrente? Será que eu sou adotado, cara?

- Sabe a sua vizinha ali da casa amarela? Minha mãe diz que ela tem uma hortinha no fundo do quintal. Planta vários legumes. Será que sua mãe não quis dizer que seu pai deu um pulo por lá?

- Hmmmm. pode ser. Mas o que será que ele foi fazer lá? VIXE! Será que meupai tem um caso com a vizinha?

- Como assim, véio?

- Pô, ela deixou bem claro que a minha mãe tinha ido passear. Então ela nãoé minha mãe. Se meu pai foi na casa da vizinha, vai ver eles dois tão decaso. Ele passou lá, pegou ela e os dois foram passear. É isso, cara. Eusou filho da vizinha. Só pode!

- Calma, maninho. Você tá nervoso e não pode tirar conclusões precipitadas.

- Sei lá. Por um lado pode até ser melhor assim, viu? Fiquei sabendo deumas coisas estranhas sobre a minha mãe.

- Tipo o quê?

- Ela me contou um dia desses que pegou um pau e atirou em um gato.Assim, do nada. Puta maldade, meu! Vê se isso é coisa que se faça com obichano!

- Caramba! Mas por que ela fez isso?

- Pra matar o gato. Pura maldade mesmo. Mas parece que o gato não morreu.

- Ainda bem. Pô, sua mãe é perturbada, cara.

- E sabe a Francisca ali da esquina?

- A Dona Chica? Sei sim.

- Parece que ela tava junto na hora e não fez nada. Só ficou lá,paradona, admirada vendo o gato berrar de dor.

- Putz grila. Esses adultos às vezes fazem cada coisa que não dá praentender.- Pois é. Vai ver é até melhor ela não ser minha mãe, né? Ela mecontou isso de boa, cantando, sabe? Como se estivesse feliz por ter feitoessa selvageria. Um absurdo. E eu percebo também que ela não gosta muito demim. Esses dias ela ficou tentando me assustar, fazendo um monte de careta.Eu não achei legal, né. Aí ela começou a falar que ia chamar um boi comcara preta pra me levar embora.

- Nossa, véio. Com certeza ela não é sua mãe. Nunca que uma mãe ia fazerisso com o filho.

- Mas é ruim saber que o casamento deles é essa zona, né? Que meu pai sai com a vizinha e tal. Apesar que eu acho que ele também leva uns chifres,sabe? Um dia ela me contou que lá no bosque do final da rua mora um cara,que eu imagino que deva ser muito bonitão, porque ela chama ele de 'Anjo'.E ela disse que o tal do Anjo roubou o coração dela. Ela até falou um diaque se fosse a dona da rua, mandava colocar ladrilho em tudo, só pra elepode passar desfilando e tal.

- Nossa, que casamento bagunçado esse. Era melhor separar logo.

- É. só sei que tô cansado desses papos doidos dela, sabe? Às vezes elafala algumas coisas sem sentido nenhum. Ontem mesmo veio me falar que a vizinha cria perereca em gaiola, cara. Vê se pode? Só tem louco nessa rua.

- Ixi, cara. Mas a vizinha não é sua mãe?

- Putz, é mesmo! Tô ferrado de qualquer jeito.

2 comentários:

  1. ...
    Nós não lembramos, mas acho que deve ser assim mesmo. (rs)
    Bjs
    ...

  1. Meu querido
    Só você para me fazer rir.
    adorei a história...linda

    Beijinhos de boa noite

    Sonhadora