AO CREPÚSCULO...

domingo, 7 de novembro de 2010

Não...Depois de te amar eu não posso amar mais ninguém.De que me importa se as ruas estão cheias de homens esbanjando beleza e promessas ao alcance das mãos;Se tu já não me queres, é funda e sem remédio a minha solidão.Era tão fácil ser feliz quando estavas comigo.Quantas vezes vezes sem motivo nenhum, ouvi teu riso, rindo feliz, como um guizo em tua boca.E a todo momento, mesmo sem te beijar, eu estava te beijando...Com as mãos, com os olhos, com o pensamento, numa ansiedade louca.Nosso olhos, ah meu deus, os nossos olhos...Eram os meus nos teus e os teus nos meus como olhos que dizem adeus.Não era adeus no entanto, o que estava vivendo nos meus olhos e nos teus,Era extase, ternura, infinito langor.Era uma estranha, uma esquisita misturade ternura com ternura, em um mesmo olhar de amor.Ainda ontem, cada instante uma nova espera,Deslumbramento, alegria exuberante e sem limite.E de repente... de repente eu me sinto como um velho muro.Cheio de eras, embora a luz do sol num delírio palpite.Não, depois de te amar assim,Como um deus, como um louco,nada me bastará e se tudo tão pouco,Eu deveria morrer.

(Pablo Neruda).

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