CORAGEM

domingo, 7 de junho de 2009
Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: 'Digam o que disserem o mal do mundo?A solidão'. Pretensiosamente digo que assino embaixo sem duvida alguma. Parem pra notar... Os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias. Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas e saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos. Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos ‘personal dance’, incríveis. E não?Sexo?Sexo não, se fosse, era resolvida fácil, alguma duvida? Estamos?Com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão 'apenas' dormir abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produto. Tornamo-nos ruínas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a 'sentir'?Isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nos. Quem duvida do que estou dizendo? Dá uma olhada no site de relacionamentos ORKUT, o numero de comunidades como: 'Quero um amor pra vida toda’, 'Eu sou pra casar'?A desesperança da 'Nasci pra ser sozinho’, unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis. Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrario, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia?Feio, Brega. Gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e no que da? Seja ridículo, não seja frustrada, 'pague mico', saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a você, quem sabe ali estivesse à oportunidade de um sorriso?Dois? Quem disse que ser adulto? Ser ranzinza, um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra que pensar nele demais? Pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada. O que realmente não dá é continuarmos achando que viver assim, e outra, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não me posso aventurar a dizer pra alguém: 'vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida'.
ARNALDO JABOR

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