QUANDO NÃO HÁ OFENSA

quinta-feira, 23 de abril de 2009
O homem aproximou-se do espinheiro. Ergueu a mão para tocá-lo e um "ai!" de dor brotou de seus lábios. Um rubi de sangue brilhou no seu dedo. O homem limpou o sangue e disse fitando o espinheiro: - Eu te perdoo! Admirei e louvei dentro de mim, aquele homem que possuía o doce dom de perdoar. E aconteceu que veio outro homem. Parou junto ao espinheiro, ergueu a mão para tocá-lo, e o espinho o feriu. Mas o homem limpou em silêncio a ferida, contemplou com amor o espinheiro, e não disse "Eu te perdoo!". Tive, então, este pensamento: "O primeiro homem era um santo: sabia perdoar! Este outro não sabe!". Mas Deus, interrompendo a minha cisma, disse: - Quem não sabe é você! - Como, Senhor? Então aquele homem... - Sim, é um santo, porque perdoou quando foi preciso! - E o segundo? - É mais santo ainda, porque não viu ali a necessidade de perdoar. E como eu ficasse perplexo, com o olhar perdido na dúvida, Ele me disse: - O espinheiro fere, porque é espinheiro. Ainda que ele quisesse jamais poderia perfumar. O primeiro homem sentiu a dor da ferida, e como não sabia nada, atribuiu a culpa ao espinheiro. Mas, como era puro de coração, perdoou. O outro homem sentiu a mesma dor, mas como sabia que todo espinheiro fere, pois o espinheiro é assim, não se sentiu ofendido. E assim não tinha o que perdoar.” Desde então sofro menos quando os espinhos me ferem. Dói-me na alma a ferida,mas minha alma sabe que não há ofensa. É assim que do meu peito brota um piedoso amor pelo espinho que não chegou a ser flor. Meu sofrimento se transforma em ternura porque já aprendi a não ver ofensa onde não há! Mas quando assim sinto, mesmo que o que me ofendeu ou feriu... então, assim como Cristo me ensinou, sigo a perdoar!”

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